segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Bem sei que estás

Recentemente descobri que a verdadeira amizade só é encontrada em animais. A amizade pura que nada pede em troca. Que se alegra com sua felicidade e sente até mais do que você sua tristeza.
Não me entendam mal, encontramos poucas e boas amizades entre os humanos, mas veja tudo pode mudar. Alguém faz o que não deve e nada volta a ser como era antes. Humanos são assim, nunca perdoando, nunca esquecendo, sempre guardando rancor.
Mas quando se trata de um animal, você pode esquecer dele que ele nunca esqueceria de você. Alguns cachorros quando são dados embora podem até morrer pois ficam deprimidos longe dos donos originais.
Eu tive durante quatro meses um porquinho da Índia. Uma bolinha de pelo que no auge de sua gordura deveria pesar 500 gramas. Todo preto com manjas marrons ele se parecia muito com um cobertor meu, definido, seu nome foi cobertor. Durante quatro meses alimentei, limpei e brinquei com ele. O gordo, que antes era tão fujão, nesses últimos meses tinha coragem de chegar até meus pés e dar lambidinhas. Quando eu chegava feliz do cursinho ele dava inúmeras corridas pela gaiola e seus pulinhos apressados. Quando porem eu chegava triste ele só saia do túnel para comer e beber água.
Não sei descrever a sensação de calma, paz, tranquilidade que eu sentia quando colocava ele no meu colo e sentia seu pequeno coração bater. Ele foi e sempre será o meu melhor amigo.
Infelizmente ele adoeceu a mais ou menos uma semana atrás. Percebi quando o sempre tão esfomeado já não comia tanto. Não pulava. Se escondia em um canto do meu quarto e lá ficava. Depois parou de vez de comer e se mecher.
Levado ao hospital veterinário falaram que era infecção no intestino. No dia seguinte era infecção no pulmão. Passei duas noites acordada para poder alimentá-lo. Fiquei muito cansada mas não reclamava, queria ele bem ao meu lado de novo.
No terceiro dia fui levada a acreditar que ele melhorava. Dentro do carro de volta pra casa ele não parava quieto. Parecia meu gordo de novo. Sorria por dentro pois via ele voltando ao normal, não temia mais o pior.
De noite ele foi caindo, caindo, caindo...
Era pouco mais da meia noite, não me recordo direito, quando ele começou a chorar. Só deu tempo de ligar para a veterinária. Em dez minutos ele tremeu como nunca vi alguém tremer, chorou um choro que me cortou o coração. Abriu a boca querendo puxar ar e morreu.
Passei a noite acordada lembrando cada segundo de sua vida e morte. Assim que amanheceu o enterrei no jardim onde ele descansa.
Hoje quero acreditar em um céu e que ele está lá. Correndo, pulando, comendo muita couve e não deixando alguém dormir pela barulheira.
Mas em um lugar eu sei que ele ainda vive, em meu coração. Pode minhas memórias falhar um dia, mas minha amizade por você vai sempre estar viva e batendo forte.

"Te encontrarei
Em algum lugar
Mesmo sozinho sei
Que estás perto de mim
Quando triste olho pro céu
Mas você partiu sem mim
E sei que estás
Em algum jardim
Entre as flores
Anjo!
Meu tão amado anjo
Bem sei que estás"

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